Aconteceu ontem, sábado, dia 29 de setembro,
o habitual evento do nosso clube no início de cada ano lionístico:
partimos em passeio, rumo ao Museu do Vinho, na cidade do Peso Régua,
para reviver a história do Vinho do Porto e da primeira região demarcada do
mundo – "A Região Demarcada do Alto Douro", hoje Património Mundial
da Unesco -, implantada em 1756 pelo Marquês de Pombal.
Ao criá-la estabeleceu os seus limites
geográficos e regulou o fabrico do vinho da região proibindo o cultivo do
sabugueiro nesse espaço (Era costume acrescentar a baga de sabugueiro às uvas
para melhorar o aspeto do vinho.) constituído pelas vinhas do vale do Douro.
Devido às caraterísticas do seu solo xistosos
e do seu clima, crescem aí as castas - e são muitas: 115, e todas se distinguem
pelo recorte da sua parra - que originam o famoso e antiquíssimo néctar: o
nosso vinho do Porto.
Na sala de entrada tivemos o privilégio de
apreciar uma exposição de Carlos Cardoso de apontamentos fotográficos relativos
às linhas férreas da região, denominada "VIA ESTREITA". Depois
caminhámos pela história desse monumento nacional, natural, edificado pelo
braço humano com ferramentas tão rudimentares como a enxada, o enxadão, a pá, a
picareta, a marreta e o ferro, que é região do vinho do Porto, e pelas suas
lutas, vitórias e dramas.
E um dos seus grandes dramas foi a filoxera,
que alastrou a fome e a miséria pelos povos da região e pelas gentes que vinham
de fora para trabalharem as quintas.
Está bem patente ainda nos mortórios: espaços
selvagens nas encostas do Douro, resultantes de vinhas mortas pela filoxera,
que não foram recuperadas, e que não o podem ser atualmente por serem
Património da Humanidade.
Seguiu-se o percurso até ao restaurante
“Varandas da Régua”.
A vista alargou-se pela bonita paisagem do
Douro ao subirmos a encosta até ao Miradouro de Santo António, onde fica o dito
restaurante, onde fomos contemplados com um delicioso almoço e uma vista
espetacular sobre a região da Régua e o rio Douro.
A seguir ao almoço esperava-nos a cidade de
Lamego, uma cidade antiga, de antes da nacionalidade, do ano 1047.
Tínhamos marcada uma visita guiada ao
Museu de Lamego, sediado no antigo Paço Episcopal no Centro Histórico da cidade.
Detentor de um acervo riquíssimo em
mobiliário, escultura, pintura, tapeçaria, azulejaria, ourivesaria,
paramentaria, cerâmica, arqueologia, etc., objetos belíssimos e riquíssimos,
distribuído por um espaço bonito constituído por diversas salas, esta visita
foi um momento de deleite cultural. Levou-nos a circular por variadas eras e
ramos da cultura, da arte e da história.
Figuram neste Museu vinte e sete objetos
classificados como Tesouros Nacionais, dos quais saliento um conjunto de quatro
tapeçarias flamengas que ilustram a história de Édipo, filho do rei de Tebas.
Segundo uma lenda da Mitologia Grega, contada
por Sófocles - um escritor-dramaturgo grego -, Édipo matou o pai e
casou com a mãe. Esta lenda está representada nos ornamentos dessas quatro tapeçarias,
que parece ser as únicas no mundo a ilustrarem esse tema.
Visitamos depois a Sé de Lamego, a poucos metros
do Museu, fundada em 1129.
Por último seguimos para o Santuário da
Senhora dos Remédios, localizado no monte de Santo Estêvão, em cuja vertente
frontal assenta a majestosa escadaria que lhe dá acesso desde a cidade,
servida por uma larga avenida no enfiamento do Centro Histórico. E essa é a
belíssima imagem que carateriza a cidade de Lamego em qualquer compêndio ou
cartaz.
Por fim, na “Presuntoteca” fomos presenteados
com diversos sabores de Lamego: presunto, salpicão, queijo e chouriço, e aí
lanchámos.
Regressámos a Barcelos felizes, com os olhos
e o coração repletos de alegria, pelo convívio, pela beleza que observámos e
absorvemos, e porque carregámos a mochila dos nossos saberes com mais alguns
conhecimentos.
O nosso bem-haja aos amigos que nos
acompanharam e consideramos, já, como elementos integrantes do nosso grupo.
Lions Clube de Barcelos
29/09/2018