Lions Clube de Barcelos promovem conferência
“A Ética deve dominar o século XXI”
19-3-2008
No passado sábado, João Torres Pereira deslocou-se à Biblioteca Municipal de Barcelos a convite dos Lions Clune de Barcelos, e proferiu uma eloquente palestra sobre a Liderança e Ética, com muito humor, um certo cinismo e uma permanente critica acutilante.
“O primeiro problema ético é o orgulho de pertença tão presente na sociedade portuguesa, assim como o excesso de liderança. Juntamente a estes exageros está a corrupção que não é nada mais do que ausência de decisão, de verdadeira liderança. Nenhuma árvore cresce até ao céu”. Depois de apresentar os valores que qualquer líder deveria praticar, falou dos saberes que levarão a uma prática ética. Neste sentido “uma sociedade que parta do ser para o ter será muito mais saudável do que aquela que parta do ter para o ser, que é o caso da sociedade contemporânea”. Os líderes devem aceitar a mudança, os novos desafios, evitar a rotina e partilhar tudo. Contudo, o conferencista defende a prática das normas “que só terão sentido se facilitarem a prática das virtudes, porque quanto mais elas forem praticadas, mais ético se torna o líder”. Reforçou muito a ideia do exemplo que o líder deve dar aos subordinados “o exemplo vale mais que mil palavras, dar o exemplo é a única maneira de influenciar os outros”. É muito mau quando “muitos pensam que o ideal seria que existisse uma ética para os outros e uma diferente para nós”. Falando da presença da ética, “quando não está presente, o homem sente-lhe a falta, quando está presente, incomoda”. Também é frequente subdividir a ética, nesse sentido “não existe uma ética profissional, pessoal, familiar ou empresarial, Existe simplesmente Ética”. Esta ética e também a liderança “só existem se houver liberdade, aceitação dos outros como são”. A ética “não deve ser um compromisso com os outros mas sim um compromisso connosco próprios”. A ética do líder obriga-o “a motivar, a valorizar. Sabemos que as pessoas têm imensas dificuldades para elogia e uma tremenda facilidade em criticar”. Só os adultos podem ser verdadeiros líderes? A História apresenta grandes líderes jovens, por isso será um erro menosprezar as capacidades de liderança dos mais jovens. Deu o exemplo de Gil Eanes que, com apenas 26 anos, dobrou o cabo Bujador; Bartolomeu Dias, que com 24 anos, dobrou o cabo da Boa Esperança; Vasco da Gama, com 30 anos, percorreu o Caminho Marítimo para a Índia e Luís de Camões, com 31 anos, tinha escrito os Lusíadas. Chamou a atenção para aqueles líderes que se juntam sistematicamente aos mais pequenos porque “transformar-se-ão também eles em pequenos. Aprende-se muito com pessoas maiores do que nós”. Já em forma de conclusão, João Pereira sentenciou “o século XXI ou defende a Ética ou não será grande coisa!”. Para se resolver todos os problemas que se avizinham desde o ponto de vista da liderança há uns valores que a sociedade premiou até hoje que pouco a pouco devem ser substituídos por outros. Assim o “nós deve surgir em detrimento do eu; o pensar em vez de executar; a estratégia em vez da táctica; o ensino de debate em substituição ao ensino de aceitação; a comunicação em vez da informação; o positivismo e não o negativismo; irreverência e não resignação; humor em vez da tristeza; inovação em troca da rotina; cultura em vez da especialização; amor, emoção, solidariedade no lugar do egoísmo, razão e individualismo”.
Finalmente apresentou as qualidades necessárias para uma boa ética: amor, felicidade, paciência, tempo, confiança, paz interior e compaixão. “Esta última entendida como o amor que eu posso ter por um de vós igual ao amor que uma mãe nutre pelo seu único filho”. Recorrendo a vários pensadores, filósofos e espiritualistas rematou a sua interessante e profunda reflexão sobre a ética com uma frase célebre de Daila Lama “Acto ético é todo aquele que não prejudica a felicidade do outro”.
> D. M.
Notícia Publicada na "VOZ do MINHO"
Para consultar:
http://www.avozdominho.com
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