segunda-feira, setembro 26, 2011

PASSEIO CULTURAL

O encontro estava marcado para as 8:30 horas de Sábado, 17 de Setembro, no Campo da Feira e, às 8:52 horas, rodávamos pela Av. dos Combatentes, em direcção à auto-estrada, com destino à cidade de Peso da Régua. Entre Companheiros e convidados éramos trinta e oito.
O tempo ameno fazia-nos prever um passeio agradável, capaz de saciar os olhos e alimentar a alma na beleza paisagística da região que nos propúnhamos percorrer. Mas cheguei a sentir algum temor quando, após alguns quilómetros  pela A11, uma cortina cinzenta começou a vedar-nos a paisagem.
Temi o pior. Envolto em nevoeiro este passeio não teria graça nenhuma. Porém, a Providência Divina atendeu o meu desalento e a cortina cor de cinza em breve daria lugar ao céu azul a iluminar a paisagem poderosa da região minhota/transmontana e depois alto duriense, não defraudando os meus anseios e previsões.
Da A11 passámos à A7 e, na Área de Serviço do Alvão, fez-se a primeira paragem para esticar as pernas e fortalecer o estado anímico e físico, já um pouco desgastados, especialmente pela cortina baça que nos envolveu durante bastantes quilómetros,  seguindo depois para a cidade do Peso da Régua, para o Museu da Região do Douro, objectivo primeiro no nosso roteiro.
É um museu gerido pela Fundação Museu do Douro, criada em 2006, que tem “como fins a prossecução de actividades culturais, cabendo-lhe a instalação, a manutenção e a gestão do Museu da Região do Douro”. Tem a sua sede na Casa da Companhia.
Da Sede, fomos levados para outro edifício onde uma jovem guia, apoiada por um vídeo, gravuras e objectos de uso diário no cultivo da vinha e outros no fabrico do vinho, nos foi falando da história do vinho do Porto, desde Marquês de Pombal, que foi o promotor da Primeira Região de Vinho Demarcada do Mundo - a Região do Vinho do Porto -, da evolução das vinhas e dos utensílios usados no seu cultivo, das crises sofridas e das diversas fases por que passa o Vinho do Porto, até que, douradinho e doce, seja regalo para o nosso paladar.
Tomei aí conhecimento (não sabia), que o Património Mundial não são as vinhas lindas e bem cuidadas, que embelezam a região e fazem dela uma das mais belas do mundo, mas sim os mortórios - espaços mortos pela filoxera, nunca replantados (e que não poderão sê-lo no futuro), onde cresce a flora autóctone - e o rio.
Regressámos depois ao edifício/sede para apreciarmos uma exposição destinada a comemorar os 200 anos de D. Antónia, essa mulher determinada, trabalhadora e forte que, graças à sua coragem e espírito empreendedor, muito fez pelo Douro dizimado pelo flagelo da filoxera, que atacou as vinhas da região, criando riqueza e dando emprego a muita gente.
À saída fomos agradavelmente surpreendidos pela gentileza da Câmara de Mirandela: no jardim do Museu, oferecia o seu delicioso pão, queijo, chouriço, alheira, mel, compotas… aos visitantes e
 serviu de "forro" ao estômago, já a pedir aconchego.
Aproximava-se a hora de dar conforto mais significativo ao estômago e dirigimo-nos então para o autocarro para rodarmos em direcção a Lamego e ao local programado para o almoço; porém os rebuçados também fazem parte da cultura da cidade da Régua e antes de chegarmos ao autocarro lá estava a “Rebuçadeira da Régua” a “oferecer” o seu tradicional produto, que muitos de nós aceitámos com agrado.
Finalmente no autocarro, partimos à procura do Hotel Rural Viscondes da Várzea - um belo edifício entre vinhedos, pomares e olivais, na região de Lamego -, que nos acolheu numa bonita varanda cercada de verdes, com um delicioso almoço composto por pratos tradicionais da região.
Em seguida partimos para a cidade, para uma visita guiada ao “Museu de Lamego” (é assim que se chama), que me surpreendeu pela variedade e riqueza do seu espólio, constituído por pintura, escultura, tapeçaria, arqueologia, mobiliário, arte sacra (especialmente capelas), paramentaria, azulejaria, etc. Excelente, a meu ver.
Além das exposições permanentes do Museu, tivemos ocasião de assistir à abertura de uma exposição do pintor António Carmo, pintor “alfacinha” nascido em 1949, com inúmeras exposições realizadas em Portugal e no estrangeiro, intitulada “Encontros e Desencontros”. Manter-se-á no Museu durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro.
Fomos nessa altura convidados para tomar uma taça de champanhe no fim da visita ao Museu. Gesto simpático que aceitamos.
Daí seguimos para a Quinta do Tedo, situada no entroncamento do rio Tedo com o rio Douro (daí o seu nome) pertencente a um casal inglês desde 1992. Fomos recebidos pelo Guia da Quinta, que nos acompanhou numa visita aos lagares e assistimos aí a uma lagarada á moda antiga - a muitos de nós, fez recordar os tempos da infância e da adolescência - e numa visita pelas Adegas de envelhecimento dos vinhos.

 Depois levou-nos para uma prova de alguns dos vinhos tintos produzidos na Quinta, e também vinhos do Porto. 
As sombras começavam a tomar conta da paisagem e regressámos ao Hotel Rural dos Viscondes da Várzea para jantar.  
Numa sala de jantar acolhedora, um buffet bem guarnecido esperáva-nos. Mais tarde chegou e um grupo de três acordeonistas para animar o jantar com modas tradicionais portuguesas e os/as habituais Companheiros/as não se contiverem! Saltaram, como de costume, a fazer o gosto ao pé nas modinhas tradicionais, prenhes de uma salutar energia!
Foi um dia intenso. Repleto de Cultura, Alegria e Amizade.
Ao organizador, CL Jorge Coutinho, os nossos Parabéns e o nosso Bem-Haja.

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