domingo, fevereiro 18, 2018

PASSEIO A PIÓDÃO E COIMBRA

Amizade, convívio, alegria foram alguns dos ingredientes que fizeram a ementa do dia de ontem, 17 de Fevereiro, do Lions Clube de Barcelos e dos seus convidados em passeio pela região de Piódão, indo depois a Coimbra ouvir o Fado que lhe é próprio.
O dia acordou cordato e ameno, sem a algidez húmida dos anteriores, e o grupo começou a juntar-se no Campo da Feira, junto ao chafariz, às 7:30 horas. Devido a um pequeno desencontro de comunicação, a saída sofreu um leve atraso, que talvez tenha contribuído para a ligeira alteração ao programa agendado, sem contudo tirar a alegria nem a boa disposição que a Presidente imprimiu neste passeio.
Fizemos a primeira paragem na área de serviço de Vila Nova de Gaia para um café de despertar, e seguimos para a Ponte das Três Entradas - onde se dá o encontro do rio Alva, afluente do Mondego, com o Alvoco – junto ao parque de campismo e ao hotel de três estrelas “AVA VALLEY” - a dez quilómetros de Oliveira do Hospital. Aí fizemos a segunda paragem para “esticar as pernas” e observarmos esse aspeto invulgar da ponte.
Continuamos para o Poço da Broca no rio (ou ribeira) Alvoco - afluente do Alva, como já vimos -, local de extraordinária beleza, situado no extremo sudoeste do Parque Natural da Serra da Estrela, na aldeia de Barriosa, freguesia de Vide, concelho de Seia.
No restaurante Guarda Rios – nome que lhe é conferido pelo pássaro do mesmo nome que aí existe e um poema de Miguel Torga, inscrito na parede frontal do restaurante, saúda, iremos almoçar.
Aqui fica o poema:
 SAUDAÇÃO.


Não sei se comes peixe se não comes,
Irmão Poeta Guarda Rios:
Se que tens céu nas asas e consomes
A força delas a guardar os rios

É que os rios são água em mocidade
Que quer correr o mundo e conhecer
E é preciso guardar-lhe a tenra idade,
Que a não venham beber…

Ave com penas de quem guarda um sonho
Líquido, fresco, doce,
No meu livro te ponho
E eu no teu rio fosse…"
                                  Miguel Torga.
   
Além da saudação de Torga ao pássaro "guarda-rios, outras saudações acontecem aqui, e nós seremos saudados por um bacalhau com broa – bacalhau às lascas sobre uma cama de couves, encerrado numa crosta de broa -, que me deliciou, cabrito assado com batatas assadas, arroz, couves salteadas, doce, fruta e café.
Porém, antes de entrarmos no restaurante, e como aperitivo ao opíparo almoço, deliciamo-nos com a paz subjacente no lugar, com o som melodioso daquelas águas cantantes e o brilho do seu espelho cristalino: vimos, caminhamos, fotografamos, sentimos. Usufruímos o espaço, para mim, deslumbrante, com todos os sentidos. Alimentamos o corpo e a alma.
Depois do almoço seguimos por um trajeto tortuoso, que nos feriu a paciência e o espírito e trouxe até nós os tristes acontecimentos vividos pelo nosso país no passado recente, com a negritude dos montes outrora vestidos de floresta, despidos por quilómetros... quilómetros... e quilómetros. Em  FOZ D´ÉGUA, na serra do Açor, no encontro das ribeiras de Piódão e de Chãs D’Éguas, já no concelho de Arganil, freguesia de Piódão, fizemos uma pequena paragem para observarmos a ponte suspensa e toda aquela beleza rústica, serrana, construída no passado, e natural, cuidada e preparada para o turismo que por ali se faz.
Daí seguimos para Piódão, que nos aparece como um verdadeiro presépio em xisto, deslumbrante na sua arquitetura caraterística a trepar pela encosta, depois de mais alguns quilómetros por um trajeto tortuoso a desafiar a paciência de qualquer condutor. Percorrer as suas ruas/escadas e calcetas estreitas, é um desafio destinado a fortalecer o coração mais preguiçoso. E, S. Pedro, na sua capelinha, no trajeto, pede a nossa ajuda lembrando-nos ser o porteiro do céu.
Seguiremos depois para Coimbra, para ouvir o seu tradicional fado no espaço “Fado ao Centro”, onde quatro jovens – dois instrumentistas e dois fadistas – nos encantam com a sua arte. Ao fim, um porto acompanhado por umas bolachinhas, convida-nos à compra dos seus cds.
A noite já tomou lugar ao dia há bastante tempo. Entramos no autocarro e seguimos em direção ao norte. 
No Restaurante três Pinheiros fazemos nova paragem para jantarmos. Aí, a intérprete de canções, Ana Leão (fez questão de esclarecer que não é fadista), acompanhou o nosso leitão e o de muitos outros que enchiam a sala, vindos de Sintra, Espinho, Matosinhos, Arganil, etc., com a interpretação de alguns fados.
Vai adiantada a noite. É tempo de encetar o regresso.
O dia 18 de Fevereiro tinha algumas dezenas de minutos de vida quando estacionámos no Campo da Feira, junto ao chafariz, em Barcelos, cansados, mas de alma cheia pelo convívio, alegria e boa disposição com que vivemos este passeio, e pela mala da cultura e do  saber que trouxemos mais recheada.

                                                                                                                      Lions Clube de Barcelos
                                                                                                                             18/02/2018
                                                                                                                                               









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